Que é que leva uma advogada [cf. Mafalda Rodrigues Fonseca, "Energia nuclear--'nim' " in "Diário de Notícias" de 02.12.10], sem prejuizo do direito inalienável de qualquer cidadão se pronunciar sobre os problemas da Cidade onde se a sua existência se inscreve, a vir a público, num jornal diário de grande circulação, repropor a "solução nuclear" como alternativa possível às outras fontes conhecidas?
Que leva um jornal diário de grande circulação a entregar a uma advogada o que parece ser uma discretíssima "lobbyização" em prol de uma das mais perigosas fontes de [poder-se-á em bom rigor falar de apenas potencial?] contaminação de um planeta cuja saúde se torna, todavia---e ninguém poderá já hoje em consciência negá-lo!---a cada dia mais urgente salvaguardar?
Que leva ambos a trazer mais uma vez à colação a hipótese de implementação, num dos países europeus com mais horas de insolação/ano, uma fonte energética que outros países com muito menos sol estudam hoje [com a indolência interventiva e especificamente legislativa de quem sabe ir chocar com interesses muito fortes e muito solidamente estabelecidos, é verdade...] como desmantelar.
Uma fonte enerética que, em condições ditas "normais", tantos problema levanta em termos do "disposal" [trânsito, tráfico, vazamento e depósito] de lixos e que, noutras, anormais, pode dar origem a situações de verdadeiro quasi-apocalipse como foi [e continua a ser!] Chernobyl?
Uma fonte energética que deu já origem a um verdadeiro "neo-colonialismo de morte" envolvendo a exportação para países do terceiro mundo [por razões óbvias de desenvolvimento desigual] incapazes de beneficiar com as mais do relativas "benesses" imediatas do uso de uma tecnologia com tantos riscos, das escórias geradas pelo processo nuclear?
O direito a propor que se discuta tudo isto existe, naturalmente.
Longe de mim questioná-lo, como é evidente mas... não seria incomparavelmente melhor que se propusesse a focagem [eu permitir-me-ia dizer: a abertura da focagem] do debate energético [um debate a manter, como é óbvio, sempre sobre bases técnicas tão inatacavelmente sólidas e credíveis quanto possível] sobre paradigmas verdadeiramente alternativos, i.e. efectivamente sustentáveis, não tanto de fontes energéticas como tal mas de facto de todo o modelo político global de desenvolvimento?
A questão ecológica é uma questão essencialmente política---realmente política!---e será sempre a esse nível que ela terá de ser adequadamente dirimida a fim de poder ser equacionada pela sociedade humana---tendo em conta as opções futuras nesta matéria, colocada que está hoje essa mesma sociedade de que todos somos parte [a responsabilidade de cuja preservação nos cabendo, pois, também a todos!] perante opções cruciais, nessa como noutras matérias; a questão ecológica, dizia, é uma questão essencialmente política---realmente política!---e será sempre a esse nível que ela terá de ser adequadamente dirimida a fim de poder ser equacionada pela sociedade humana como aquilo que, em termos que são latos mas, de igual modo e sem qualquer paradoxo, muito específicos, realmente é, ou seja: um problema civilizacional, de 'sustentabilidade civilizacional', eu diria: total , universal, que nos envolve directamente a todos e não uma mera questão técnica e/ou [muito menos ainda!] uma questão de meros, muito localizados e muito sectoriais, muito parcelares... "interesses"...
Que leva um jornal diário de grande circulação a entregar a uma advogada o que parece ser uma discretíssima "lobbyização" em prol de uma das mais perigosas fontes de [poder-se-á em bom rigor falar de apenas potencial?] contaminação de um planeta cuja saúde se torna, todavia---e ninguém poderá já hoje em consciência negá-lo!---a cada dia mais urgente salvaguardar?
Que leva ambos a trazer mais uma vez à colação a hipótese de implementação, num dos países europeus com mais horas de insolação/ano, uma fonte energética que outros países com muito menos sol estudam hoje [com a indolência interventiva e especificamente legislativa de quem sabe ir chocar com interesses muito fortes e muito solidamente estabelecidos, é verdade...] como desmantelar.
Uma fonte enerética que, em condições ditas "normais", tantos problema levanta em termos do "disposal" [trânsito, tráfico, vazamento e depósito] de lixos e que, noutras, anormais, pode dar origem a situações de verdadeiro quasi-apocalipse como foi [e continua a ser!] Chernobyl?
Uma fonte energética que deu já origem a um verdadeiro "neo-colonialismo de morte" envolvendo a exportação para países do terceiro mundo [por razões óbvias de desenvolvimento desigual] incapazes de beneficiar com as mais do relativas "benesses" imediatas do uso de uma tecnologia com tantos riscos, das escórias geradas pelo processo nuclear?
O direito a propor que se discuta tudo isto existe, naturalmente.
Longe de mim questioná-lo, como é evidente mas... não seria incomparavelmente melhor que se propusesse a focagem [eu permitir-me-ia dizer: a abertura da focagem] do debate energético [um debate a manter, como é óbvio, sempre sobre bases técnicas tão inatacavelmente sólidas e credíveis quanto possível] sobre paradigmas verdadeiramente alternativos, i.e. efectivamente sustentáveis, não tanto de fontes energéticas como tal mas de facto de todo o modelo político global de desenvolvimento?
A questão ecológica é uma questão essencialmente política---realmente política!---e será sempre a esse nível que ela terá de ser adequadamente dirimida a fim de poder ser equacionada pela sociedade humana---tendo em conta as opções futuras nesta matéria, colocada que está hoje essa mesma sociedade de que todos somos parte [a responsabilidade de cuja preservação nos cabendo, pois, também a todos!] perante opções cruciais, nessa como noutras matérias; a questão ecológica, dizia, é uma questão essencialmente política---realmente política!---e será sempre a esse nível que ela terá de ser adequadamente dirimida a fim de poder ser equacionada pela sociedade humana como aquilo que, em termos que são latos mas, de igual modo e sem qualquer paradoxo, muito específicos, realmente é, ou seja: um problema civilizacional, de 'sustentabilidade civilizacional', eu diria: total , universal, que nos envolve directamente a todos e não uma mera questão técnica e/ou [muito menos ainda!] uma questão de meros, muito localizados e muito sectoriais, muito parcelares... "interesses"...
[Imagem ilustrativa extraída com a devida vénia de guardian-dot-co-dot-uk]
2 comentários:
Não sei os motivos da senhora, mas permito-me sugerir-lhe que viaje até Chernobyl e, além disso, se informe convenientemente.
Bom fim de semana
Tem carradas de razão, São!
E Chernobyl ou Three Mile Island são apenas a ponta visível do iceberg, o que não pode, de todo, ser escondido...
Em qualquer caso, bastaria à senhora ou a qualquer um de nós consultar a Wikipédia que cita Benjamin K. Sovacool para dizer que, desde Chernobyl, nada menos do que 57 acidentes foram já reportados em todo o mundo onde há centrais nucleares, directamente relacionados com elas...
São circunstâncias e números sobre os quais vale seguramente a pena reflectir...
Um beijinho e um óptimo fim-de-semana para si também.
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