Destinada a documentar aspectos vários de um vastíssimo conjunto de reflexões até ao momento produzidas aqui no "Quisto" [e recuperandoi de passo uma velha ideia que me foi comunicada em tempos por Alexandre O'Neill---no «caso» do autor d' «O Reino da Dinamarca» tratar-se-ia da recolha de uma série de «lugares selectos" da pasmaceira nacional que, aliás, ele fez na sua mais o'neilliana Poesia]; destinada, pois, dizia, a ilustrar documentalmente as referidas reflexões, aqui deixo hoje o início de uma «antologia de lugares selectos da Idade Mídia nacional» destinados a facilitar uma ideal séria reflexão sobre a vida nacional, chegados que fomos, como tantas vezes tenho insistido, a uma autêntica "esquina" ou "ângulo", "aresta viva", dela...
1. [Do "Público" de 20.07.10. Texto "Visita de Estado Presidente lembra que portugueses ajudam ao crescimento de Angola/Cavaco defende uma parceria estratégica para facilitar negócios", autor Nuno Sá Lourenço]
"No primeiro dia da visita de Estado a Angola, o Presidente da República foi directo ao assunto. Quer que os angolanos aceitem criar os mecanismos necessários para facilitar a vida aos portuugueses que têm negócios naquele país".
Nem mais! No primeiro dia da tal "visita" [que é suposto ser "de Estado" mas que, na realidade, se parece muito mais outra coisa bem diferente, uma "coisa" envolvendo privadíssimos---e chorudos negócios---com a elite económico-política de um dos petropaíses mais ricos do mundo"]; no primeiro dia da "coisa", ia dizendo, não fosse alguém, algum americano ou francês mais empreendedor ou mais abelhudo antecipar-se, o 'nosso agente em Luanda' vai-se aos tais "angolanos",---uma piedosíssima sinédoque do que até há bem pouco tempo ainda eram os "cleptocratas do MPLA"] e diz-lhes naquele "franco-inglês de Lagos ou Portimão" com tempero de "sepinha de massa" que apimenta o caldudo linguístico do mestre economista doublé de presidente atira-lhes logo: "OK, people! Let's get down to brass-tackles! Moi y en a vouloir des sous, heim?..."
Há muito que venho sublinhando a "volução" operada no clássico conceito de «Estado nação» que, por obra [e desgraça!] da pressão institucional exercida pela economocracia neo-liberal instalada e reinante no "Ocidente" sobre o sistema político "deslizou" já há décadas para uma outra realidade bem distinta a que poderíamos chamar, com propriedade, o "Estado broker" ou em bom [e... o'neilliano] português, o "Estado almocreve".
O "Estado recoveiro" ou mesmo "trapeiro",cabeça de ponte e de turco de negócios privados que é suposto estarem politicamente legitimados por "criarem riqueza e postos de trabalho", riqueza que, na realidade, criaram, sim, mas para uns quantos magnatas "with friends at high places" ["cala-te, boca"!...] e "postos de trabalho" que nunca ninguém viu e hoje, nestes conturbadíssimos tempos de leis laborais feitas e teleguiadas à podoa de um F.M.I.-governo mundial qualquer, menos ainda do que em qualquer outro momento da infelicíssima crónica do capitalismo neo-liberal pós-industrial...
Vale a pena reflectir no naco de prosa do "Público" e tê-lo, entre inúmeros outros que poderia [e hei-de!] citar aqui no "Quisto", sempre que estiver em causa reflectir com seriedade e rigor sobre a natureza [a de classe, seguramente e desde logo!] do Estado em Portugal hoje e sobre a 'ética republicana' do neo-neo-colonialismo [ou... "colonialismo democrático"] onde veio desembocar o velho colonialismo "hard-core" de outros tempos...
Ou sobre as muito tentativas formas de resgate [pós] moderno do papel de intermediação e recovagem em que a História nos permitiu ter em séculos passados e que terão, de resto, constituido o fundamento da desgraça produtiva e até, num certo sentido, da própria independência, nacional.
2. [Do mesmo "Público", agora de uma coluna intitulada "Menos povo na Constituição", da autoria de Leonete Botelho.
Trata-se, neste caso [or curiosiodade no mesmo número do jornal onde se reporta a visita "de Estado" de Cavaco à ex-colónia de Angola, a "jóia da coroa" do dispositivo colonial nacional] do que só pode ser visto como a tentativa por parte do poder neo-liberal "hard core" que ansiosamentre espreita na sombra o desabar dedfinitivo do seu próprio pólo "social" a cargo do "sidekick socialista" para fixar juridicamente o que este desastradamente tentou sem recurso a "mexidas incómodas" na Lei: a consagração do regime de "oligarquia economocracia", supostamente o "motor do desenvolvimento" nacional.
Com os resultados que se conhecem e que todos estamos a sentir na pele...
A citação é a seguinte:
"A proposta de revisão constitucional que Passos Coelho vai levar amanhã ao Conselho Nacional do PSD é, verdadeiramente, todo um programa liberal que altera o âmago do desenho da lei fundamental.
E isto, tanto pelo que lá inscreve e altera nos direitos sociais ou laborais, como pelo que suprime---e suprime grande parte do capítulo económico da Constituição. Assim, esfuma-se a reforma agrária ou a participação dos sindicatos e das associações patronais na definição das principais medidas económicas e sociais, como se fossem a mesma coisa".
Dúvidas sobre a natureza do estado do Estado nas mãos destes senhores?
Só para quem não lê o "Público", como se vê...
1. [Do "Público" de 20.07.10. Texto "Visita de Estado Presidente lembra que portugueses ajudam ao crescimento de Angola/Cavaco defende uma parceria estratégica para facilitar negócios", autor Nuno Sá Lourenço]
"No primeiro dia da visita de Estado a Angola, o Presidente da República foi directo ao assunto. Quer que os angolanos aceitem criar os mecanismos necessários para facilitar a vida aos portuugueses que têm negócios naquele país".
Nem mais! No primeiro dia da tal "visita" [que é suposto ser "de Estado" mas que, na realidade, se parece muito mais outra coisa bem diferente, uma "coisa" envolvendo privadíssimos---e chorudos negócios---com a elite económico-política de um dos petropaíses mais ricos do mundo"]; no primeiro dia da "coisa", ia dizendo, não fosse alguém, algum americano ou francês mais empreendedor ou mais abelhudo antecipar-se, o 'nosso agente em Luanda' vai-se aos tais "angolanos",---uma piedosíssima sinédoque do que até há bem pouco tempo ainda eram os "cleptocratas do MPLA"] e diz-lhes naquele "franco-inglês de Lagos ou Portimão" com tempero de "sepinha de massa" que apimenta o caldudo linguístico do mestre economista doublé de presidente atira-lhes logo: "OK, people! Let's get down to brass-tackles! Moi y en a vouloir des sous, heim?..."
Há muito que venho sublinhando a "volução" operada no clássico conceito de «Estado nação» que, por obra [e desgraça!] da pressão institucional exercida pela economocracia neo-liberal instalada e reinante no "Ocidente" sobre o sistema político "deslizou" já há décadas para uma outra realidade bem distinta a que poderíamos chamar, com propriedade, o "Estado broker" ou em bom [e... o'neilliano] português, o "Estado almocreve".
O "Estado recoveiro" ou mesmo "trapeiro",cabeça de ponte e de turco de negócios privados que é suposto estarem politicamente legitimados por "criarem riqueza e postos de trabalho", riqueza que, na realidade, criaram, sim, mas para uns quantos magnatas "with friends at high places" ["cala-te, boca"!...] e "postos de trabalho" que nunca ninguém viu e hoje, nestes conturbadíssimos tempos de leis laborais feitas e teleguiadas à podoa de um F.M.I.-governo mundial qualquer, menos ainda do que em qualquer outro momento da infelicíssima crónica do capitalismo neo-liberal pós-industrial...
Vale a pena reflectir no naco de prosa do "Público" e tê-lo, entre inúmeros outros que poderia [e hei-de!] citar aqui no "Quisto", sempre que estiver em causa reflectir com seriedade e rigor sobre a natureza [a de classe, seguramente e desde logo!] do Estado em Portugal hoje e sobre a 'ética republicana' do neo-neo-colonialismo [ou... "colonialismo democrático"] onde veio desembocar o velho colonialismo "hard-core" de outros tempos...
Ou sobre as muito tentativas formas de resgate [pós] moderno do papel de intermediação e recovagem em que a História nos permitiu ter em séculos passados e que terão, de resto, constituido o fundamento da desgraça produtiva e até, num certo sentido, da própria independência, nacional.
2. [Do mesmo "Público", agora de uma coluna intitulada "Menos povo na Constituição", da autoria de Leonete Botelho.
Trata-se, neste caso [or curiosiodade no mesmo número do jornal onde se reporta a visita "de Estado" de Cavaco à ex-colónia de Angola, a "jóia da coroa" do dispositivo colonial nacional] do que só pode ser visto como a tentativa por parte do poder neo-liberal "hard core" que ansiosamentre espreita na sombra o desabar dedfinitivo do seu próprio pólo "social" a cargo do "sidekick socialista" para fixar juridicamente o que este desastradamente tentou sem recurso a "mexidas incómodas" na Lei: a consagração do regime de "oligarquia economocracia", supostamente o "motor do desenvolvimento" nacional.
Com os resultados que se conhecem e que todos estamos a sentir na pele...
A citação é a seguinte:
"A proposta de revisão constitucional que Passos Coelho vai levar amanhã ao Conselho Nacional do PSD é, verdadeiramente, todo um programa liberal que altera o âmago do desenho da lei fundamental.
E isto, tanto pelo que lá inscreve e altera nos direitos sociais ou laborais, como pelo que suprime---e suprime grande parte do capítulo económico da Constituição. Assim, esfuma-se a reforma agrária ou a participação dos sindicatos e das associações patronais na definição das principais medidas económicas e sociais, como se fossem a mesma coisa".
Dúvidas sobre a natureza do estado do Estado nas mãos destes senhores?
Só para quem não lê o "Público", como se vê...
[Na imagem: Desenho de Georg Grosz]
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