Há dias em que é, de facto, muito difícil que não questionemos com particular incidência: com este Portugal mas, sobretudo, com estes portugueses, vale a pena continuar a resistir?...
Dias como hoje em que aquilo que me apetece é, com toda a sinceridade, fazer como o Herculano e encafuar-me num Vale de Lobos qualquer onde não tenha de ouvir o Sócrates [que está na Lábia com a sua proverbial líbia ou na Líbia com a sua proverbial lábia, não me consigo recordar qual mas, também, interessa?...] nem ver as panasquices que o Coelho faz com a boca para parecer fino ou ver a ministra da [chamada] Educação ter um ataque epiléptico em público e acreditar ter sorrido ou ouvir as "explicações" de um Amado ou de um Lacão qualquer sobre aquilo em que, estamos todos marrecos de saber, o governo mentiu mais uma vez com quantos dentes tem na boca---ou noutro sítio qualquer que eu não digo porque não quero acabar o ano a ser grosseiro nem [demasiado...] vulgar.
Ou, então, fazer como o Saramago mandar a Piolheira em que isto já se tornou àquela parte, meter um oceano de segurança qualquer, entre a gente, o Cavaco e a Casa Servil, perdão, a Casa Civil toda dele e zarpar tranquilamente para uma ilha qualquer onde o Silva Santos mais próximo se encontrasse a [pelo menos] um continente de distância...
Hoje é um desses dias em que se confirmou para além de qualquer dúvida que as duas únicas coisas que o País fez bem feitas, o Saramago e o Benfica, estão bem mortas e já, uma delas, pelo menos, o Benfica, enterradas.
Eu só pergunto: como é que, num País em que a coisa mais parecida com o contrário de um Sócrates é, não uma pessoa capaz, mas o Passos Coelho---que, como o próprio nome indica, começa logo por nem ser bem uma pessoa, ser mais um roedor, uma coisa com rabo, um animal que se come guisado; como é que num País em que a coisa mais parecida com o futuro é o próprio passado [e mais grave ainda: aquele que não tivemos, o que nos limitámos a sonhar ou a inventar]; como é que num País que teve o desplante de nos dar o Ângelo Correia e, não contente com isso, junta-lhe ainda o Mário Soares e como se não bastasse ainda os livros dele e nos pôs o Marcelo Rebelo de Sousa no catálogo das fatalidades quotidianas; como é que num país assim, dizia, um homem pode dizer que é homem sem se pôr de imediato a milhas para não correr o risco alguém descobrir que é mas é português e lhe chamar, de imediato, naturalmente, exagerado?...
Meu Deus: mas, então, é mesmo verdade, que o João Soares existe e que uma desgraça nunca vem só?
Caramba!
O Ângelo Correia, o "Equador", a U.G.T., a pronúncia do Proença, a dentadura do Portas...
Eh! Pá! Já é azar! Não nos bastava termos todos nascido em Portugal?
Logo, tínhamos de ser todos portugueses também...
[Na imagem: "Il Paese Puzza", colagem sobre papel impresso de Carlos Machado Acabado]
2 comentários:
É isso amigo Carlos ser-se português é cá um fa(r)do...
Falando só do Benfica que do resto já nem me apetece falar, é para mim um daqueles mistérios que não consigo compreender:
Como é que uma equipa que o ano passado foi o melhor Benfica pelo menos dos ultimos 15, 20 anos se modifica para um equipa que em jogos onde não pode falhar e com o mesmo treinador que eu ainda acho ser o melhor que há em Portugal(à excepção do Mourinho) joga sobre brasas com grande tendência para o erro.
Ainda por cima num grupo muito acessível, pra mim o mais acessível para seguir em frente na Champions...
A única conclusão a que chego é que sendo o treinador o mesmo (embora pareça ser uma pessoa menos humilde e perfecionista do que aquilo que sempre, mas mesmo sempre desde o Amora foi), os jogadores não o estão a ajudar nada ou seja não estão com ele por alguma razão, serão problemas de balneário de falta de liderança (uma coisa muito sportinguista) que pareciam estar enterrados.
Terá a ver com isso o caso flagrante do David Luiz que deve ter sentido que era o ídolo maior em quem ninguém podia tocar e agora vê que está sujeito às críticas como os outros ao mesmo tempo que já sente os "tubarões" a acenarem-lhe com as notas tal como o Fábio Coentrão são jogadores jovens que precisam ainda de sentir muito apoio de quem comanda...
Outro disparate foi ter-se mexido na baliza este guarda-redes nunca me conveceu é lento a reagir, viu-se isso ontem mais uma vez e não é melhor fora dos postes que o Quim.
E por fim há uma coisa que não é muito falada mas que é a pressão inconcebível feita pelos membros de umas certas claques em Portugal parece que quem manda nos clubes às vezes são mesmo esses ignorantes que nunca deram um pontapé numa bola e não fazem mais nada na vida do que passearem-se (à custa de quem e do quê?!) mas acham-se no direito de criticar e ofender quem querem e lhes apetece.
Eu sei que muita gente não gosta que eu fale nisto mas a liderança tem de se mostrar também aí, o treino er a a porta fechada ninguém entrava e ponto final! Eu entendo o futebol como um desporto para as famílias como algo de lúdico e cultural e não gosto de o ver estragado deste modo pela coação e violência gratuita.
Penso serem estes na minha modesta opinião os problemas centrais desta época.
Um abraço
Eu concordo consigo, Gonçalo: foram erros a mais [o guarda-redes---caríssimo mas vulgar---a não-substituição do Di Maria e do Ramires e por aí adiante]; um inexplicável deslumbramento do Jesus que começou a época a pôr pressão na própria equipa ["Não tenho dúvidas de que vamos ser bicampeões", "Temos inquestionavelmente a melhor equipa do campeonato"] e a fazer experiências estranhíssimas [Subiu-lhe à cabeça a reputação de ser muito bom a "reinventar" jogadores?] como aquela de deslocar o David Luís para lateral e recorrer ao pouquíssimo rodado e lento a recuperar Sidney quando tinha disponível o Roderick que é um "senhor jogador" em potência e me parece, aliás, um "Humbertozinho" à espera de ser descoberto] tudo isso junto a possíveis problemas de relacionamento pessoal---o que as reservadíssimas declarações do Saviola depois de um jogo recente [sublinhando que não tinha problemas com o Benfica] por exemplo, parecem confirmar.
Eu também fui daqueles que acolheram entusiasmadíssimos a ideia de o Jesus vir treinar o Benfica [e ele justificou, de resto, inicialmente a escolha, ganhando o campeonato de forma categórica] mas estou hoje firmemenmente persuadido de que o ciclo Jesus [por erros relacionados com uma óbvia arrogância e uma não menos óbvia má relação com o sucesso] está esgotado porque a capacidade dele para galvanizar a equipa e conjuntá-la de forma eficaz parece, também ela, esgotada.
E, em larguíssima medida, porque não soube formar o plantel: Éder Luís foi "despachado" a grande velocidade, Keirrison constituiu um erro gritante de "casting", Roberto representou um capricho caríssimo, completamente injustificado [foi absolutamente catastrófico o lançamento da Liga, graças a ele!] Jara é um enigma [fala-se já em dispensa para o Zaragoza], Gaetan não há meio de "arrancar", Sálvio não "aparece", Weldon desvaneceu-se, volatilizou-se, etc. etc....
Enfim, a época "foi ao ar" mas [pior!] o brutal investimento feito teve o pior retorno possível [não tendo retorno algum...] e agora o Clube vai ter de atravessar o deserto para tentar restaurar as finanças e mesmo assim, sabe... Zeus, com "casas" a diminuirem de forma drástica e sem a receita da Champion's, como vai ser.
Estará cá Jesus a protagonizar pessoalmente a fase recessiva que se anuncia e preparar futuros "renascimentos"?
O mínimo que se pode dizer é que é muiti mas mesmo muuuuito duvidoso....
Um abraço e volte sempre!
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