Eu explico já, se me dão licença as razões para a minha conversão...
Devo começar por dizer que eu era completamente ateu até aquele que é o actual técnico do Benfica ter ido treinar o "velho Belém" ...
Ai, vi a... luz.
Estou a brincar, obviamente.
O Jesus de que falo aqui é o Jorge, o "Monas", o antigo futebolista de nível mediano que se converteu num extraordinário treinador que [felizmente, para mim e para o Clube!] decidiu elevar esta segunda carreira profissional---a de treinador---à máxima potência ou maior denominador nacional comum que é obviamente o "meu" Benfica.
Gosto de Jesus, primeiro, porque é um técnico extraordinário e eu sou adepto de um Clube extraordinário; depois, porque não é [deixem-me lá recorrer aqui à ajuda de um lugar-comum que dá sempre muito jeito, nestes casos!] porque não é politicamente correcto e eu detesto gente dessa "família" ou desse "clã", infelizmente tão comum em Portugal; por fim, porque me parece ser das poucas pessoas entre nós que, quando fala, transmite a ideia de saber exactamente o que quer dizer e por que o diz e não de estar a ler [ao sabor do acaso, ainda por cima...] palavras soltas de um dicionário malaio-cipriota ou turco-servo-croata...
Há quem diga que não sabe falar---o que num país de gente que SÓ SABE falar temos de reconhecer não deve ser coisa fácil de digerir---e, sobretudo, de perdoar...
Não saberá mas também, "isto é como o outro", com o tal acordo que os sábios "socráticos" nos querem impingir quem é que pode gabar-se de saber, não é?...
Ainda se fosse inglês técnico ou coisa assim... agora Português!...
Bom mas, dizia eu, que há muita gente de "sólida cultura" e invejável "erudição" no futebol português [daqueles que mandam médicos para a não-sei-quê-da mãe e batem em jornalistas---"vocês sabem de quem é que estou a falar"!... Eh!Eh!Eh!] que podia aprender com o 'portuguezinho das dúzias', esclarecido e cheio de talento a exprimir aquilo que os... "sábios" [entre os quais me incluo, por razões que mais abaixo, se tiver tempo, detalharei...] ou alguns deles [os que ainda sabem como se faz e já não são assim tantos como isso...] pensam.
Do "Diário de Notícias" de 12.09.10, com efeito, retiro a citação de uma coisa que há muito eu próprio penso e que eu tenho de reconhecer que dificilmente diria com a precisão e o esclarecimento com que o faz o treinador do meu Clube.
Ora vejam.
A propósito do jogo com o Vitória de Guimarães em que uma arbitragem absolutamente inqualificável de má [de um árbitro que já tinha antes demonstrado estar convencido de que uma bola palmo-e-meio-dois-palmos dentro da baliza não é golo...] fez demonstravelmente o resultado e baralhou por completo uma classificação que, sem isso, seria, obviamente outra, substancialmente diferente.
Sucede que, após o jogo em causa, os jogadores do Benfica retiraram para os balneários cabisbaixos, desmoralizados, revoltados, com a moral feita em... fanicos.
E como geriu isto Jorge Jesus?
Bom é aqui que faço entrar a citação de que há pouco falava.
Diz, então, o jornal:
"Prejudicados ou não, o técnico, que sentiu o balneário desanimado com o trabalho de Olegário Benquerença, apontou logo baterias para o futuro, tentando deixar para trás o que se tinha passado no relvado do Dom Afonso Henriques.
Mas a conversa de balneário.
Alguns pontos:
Primeiro, como é que se sabe tudo isto, cá fora?
Não tenho resposta certa, segura, obviamente mas, sendo Jorge Jesus o homem astuto que é e Rui Costa o dirigente avisado e esclarecido que já demonstrou, pelo seu lado, ser, gostaria de acreditar que se soube porque o Clube quis que se soubesse a fim de que aos sócios e simpatizantes benfiquistas chegasse mais ou menos... 'obliquamente' a mensagem de que os jogadores estão determinados a não deixar-se abater pelos acidentes de percurso como aquela deplorável arbitragem de Guimarães e que assim eles próprio adeptos [e por mim falo que, confesso, não fiquei exactamente empolgado após a terceira derrota consecutiva no campeonato...] o devem estar, também.
O que se "encaixa", aliás, perfeitamente naquela outra iniciativa envolvendo comunicados e... recomunicados aos órgãos de comunicação social que são, do lado do Clube, outros tantos movimentos estratégicos de intervenção e... sério aviso no sentido de se pôr um ponto final num estado de coisas com influência [negativísima!] directa numa indústria que envolve investimentos vultuosos e por isso riscos financeiros consideráveis, na proporção directa daqueles.
[Pode-se, noutro plano discutir, como ainda há pouco, um amigo meu fazia, aliás, se não é questionável---para não dizer: se não é escandaloso...---não só que tanto dinheiro vá para o futebol como, sobretudo, por outro lado, que muitos daqueles que mobilizam e se mobilizam para intervir contra "coisas" como esta num domínio reconhecivelmente não-determinante e não-essencial para a vida das pessoas e das sociedades como é o futebol seriam incapazes de fazê-lo para intervir precisamente naquelas áreas e domínios da nossa vida colectiva que o são.
Eu acho que sim e em ambos os casos, devo desde já dizer sem reservas.
Agora, sobretudo neste último caso, uma coisa não exclui a outra, ham?
A diversão das pessoas como aqueles aspectos da vida que são determinantes para o bem estar e para a dignidade delas possuem o seu lugar específico na própria vida e o problema não é, em última instância, necessariamente se se intervém demais num dos dois domínios: é, exactamente ao contrário, se se intervém de menos no outro, o que faz a sua diferença, ham?...]
Bom mas voltando à nossa análise das declarações de Jesus:
Segundo ponto: o Benfica foi clamorosamente prejudicado no jogo de Guimarães tal como, em menor escala o havia sido no anterior com a Académica de Coimbra, isso é tão mais irrefutável quanto o próprio dirigente máximo da arbitragem em Portugal, já o reconheceu expressamente.
Agora, uma coisa é a "ajuda" que nos dão de fora para perdermos; outra, é aquela que nós próprios para isso involuntária mas de modo algum irrelevantemente damos.
E o Benfica deu-a.
Deu-a com a dispensa [vista do exterior, precipitada] do guarda-redes experiente e genericamente qualificado que fora campeão na época anterior.
Deu-a com a contratação pelo preço de uma estrela de um guardião que o não era e que, por isso, para valer o investimento, devia ter sido contratado no pressuposto da manutenção do anterior a fim de que ele pudesse ir-se gradualmente adaptando e encaixando nos mecanismos e dinâmicas de jogo da equipa.
Deu-a com a dispensa [aliás, em si mesma, inevitável] de dois jogadores absolutamente essenciais para a conquista do título, Ramires e Di Maria, uma cedência, porém, muito mal preparada em termos de suplentes ou da alteração bdo próprio modelo de jogo.
E deua-a obviamente com o facto de o investimento feito no guarda-redes espanhol de que atrás falo que, de tão vultuoso, bloqueou uma série de soluções exactamente para este último aspecto de que falo.
Portanto, se é estrategicamente avisado, começar já muito determinadamente a "marcar terreno" em matéria de comunicação para o exterior ["to whom it may concern", como dizem os anglo-saxónicos nestes casos...] não o é menos [e eu tiro o meu chapéu a Jorge Jesus por ter tomado, ele próprio a inciativa---absolutamente essencial---de não deixar escapar esse... "pormenor"] reflectir muito setiamente sobre aquilo aquilo que há a fazer internamente para resolver os problemas do rendimento da equipa de futebol, profissional do Clube.