Regresso (determinado!) com uma das minhas "embirrações de cabeceira": a que nutro há vários anos pelo (consagradíssimo!) autor de "Inventem-se Novos Pais" (obra a propósito da qual---citando o 'mot d'esprit' genial usado por um escritor brasileiro particularmente espirituoso para referir-se ao 'famigerado' sucesso pop de outros tempos intitulado "Meu Pé de Laranja Lima"---poderia eu próprio dizer: "Não li mas francamente não gostei...)"
Ele (o autor de "Os Avós Não-Sei-Que-Mais") que me desculpe mas eu com toda a sinceridade sempre tive uma especial embirração por quem me quer fazer passar por tolo.
Ora, a verdade é que (com todo o respeito possível, homem! Não se zangue, ham?) a criatura consegue a assinalável proeza de lograr desfiar, com efeito, sempre novas banalidades, cada qual ainda mais incrivelmente chocha e previsível do que a anterior, domingo a domingo, repetindo pomposamente as chachadas mais improváveis assim "esgalhadas" e "servidas com feijão verde e bróculos" como se fossem as descobertas pegagógicas de um Comenius ou de um Froebbel.
Para já não falar de uma Montessori, de um Piaget ou de um Freinet...
Ainda por cima, repete-as com uma sobriedade verdadeiramente irresistível como se (virtualmente!) ninguém, antes dele (e de um modo muito particular aqueles que de facto por "lá" andam---ou andaram; aqueles que, como eu, passaram anos e anos de vida diante de um número virtualmente incalculável de moços e moças---de turmas inteiras de ambos!---a tentar escogitar sempre novas maneiras de envolver aquela massa imensa de gente mortalmente entediada, quase invariavelmente amorfa e sempre irregressivelmente renitente ao trabalho, nas tarefas (Porém essenciais! Porém, sob muitos aspectos, até vitais!) da construção organizada do seu próprio futuro.
Da possibilidade material mínima de um futuro que, de outro modo, se calhar, pura e simplesmente não existiria.
Pois, anda um fulano trinta e não sei quantos anos---os melhores da sua vida!---"naquilo", a suar as estopinhas, a fritar a mioleira tentando "arranjar um futuro qualquer àquela gente toda", a "dar o litro", físico e também mental, na (em 80% dos casos, estéril!) tentativa de dotar os outros de um futuro; anda o desgraçado fazê-lo diariamente "sem rede ou manual de instruções" (Que raio! Os filhos e os alunos--e, também, já agora, 'os chamados ministros'!... É cada vez mais contra eles que hoje a profissão é, afinal, quase invariavelmente exercida---deviam vir sempre todos eles, uns e outros, com "manual", caramba! Assim, é uma gaita, bolas!); mas, dizia eu, anda um fulano "nisto" anos e anos da sua vida, avançando denodadamente ousadias pedagógicas e didácticas que ninguém valoriza e/ou sempre rodeado de decepções e fracassos pessoais que dava "tudo" para não ter tido (ou causado a si mesmo); decepções e fracassos que ninguém, no fundo, realmente, credita e muito poucos respeitam (a gente arrisca ali muitas vezes---literalmente!---a cabeça, "pô"! Será que ninguém entende e, pelo menos, mostra alguma compreensão por este trabalho de "funâmbulo da inteligência" ou "equilibrista das metodologias" cuja "avaliação"... "técnica" a "outra" queria---muito "naturalmente"!---entregar à plateia babada dos pais?) e, de repente, surge sabe-se lá de onde, um "iluminado" qualquer que, em lugar de fazer como os... "operacionais" que todos nós, os "do terreno", somos, das fraquezas forças, faz da banalidade uma verdadeira décima ou décima-primeira das Belas Artes e zás! desata ali a ensinar tudo aos papalvos, como se a inteligência e o próprio saber (ou---quem sabe?---o próprio mundo!) tivessem começado com ele.
E o pessoal todo a desbarretar-se com a sabença ilimitada do homem, aquilo é "sr.dr. para cá; sr. Manel, reserve-me já um exemplar do próximo livro para lá" e por aí fora!
Se o homem quer e pode (e o deixam!) publicar---pois que publique! Cada um tem a Pedagogia ou as Pedagogias que merece e as Didácticas a que é capaz de chegar e este autor fornece a classe média respondendo com eficácia global às (aliás, discretíssimas!) "exigências" do mesmíssimo público que antes ia estudar Pedagogia para as "Selecções" e hoje o faz neste simpático Dr. Phil da Venteira que é o autor da tal "coisa dos Avós".
Por aí, portanto, tudo bem.
Mas ao menos deixem-nos, a nós que nos lisongeamos acreditando perceber alguma coisa do universo da "Academe prática" para além das generalidades patetas que para a Subúrbia passam facilmente por farta erudição gozar a bodega da leitura do jornal em paz e sossego, sem ter de levar volta-e-meia com conferências magistrais em "Tudologia e saberes afins"!
"Pedagogia para suburbanos"---e "leitores de Domingo"?
Oh! Pá! Por amor de Deus! Tenham dó, está bem?...
3 comentários:
Vinha eu aqui, hoje, expressamente para perguntar se tão longa ausência se devia a uns bons e agradáveis passeios de Verão... Ah, também posso dizer, a propósito de tal personalidade, que não gostei das suas obras (que não li). Resisti, apesar de todas as feiras do livro, das citações, das perguntas "Já leste este, já leste aquele?". Porquê? Quando se vai ao ponto de aparecer na televisão a falar de realidades que não acompanhou...Pois, foi o caso de uma rapariguita que simulou uma agressão e um rapto...Quem estava naquela escola ficou de queixo caido com o papel a que certas pessoas se prestam. Quando certas pessoas se tornam mediáticas, é vê-las a desbobinar grandes teorias sobre tudo e sobre todos!
Uma semana radiosa!
Que bom haver alguém que resiste, como eu, obstinadamente a sacralizar a mais extrema e atrevida vulgaridade!...
É verdade!
Detesto gurus!
Se tem de haver papas, ao menos que seja para dizerem coisas novas e realmente interessantes.
Que nos estimulem e provoquem.
Quanto à outra coisa, as faltas (é verdade: ainda há "artigo 4º"?...)tudo aconteceu por causa de uma reunião de condomínio em Lisboa e umas prosaiquíssimas obras que learam mais tempo a arrancar do que eu supunha e cujo "arranque" achei melhor acompanhar 'in loco'.
Mas "I'm back in business, as you see"!...
Ah! E gostei muito de "vê-la" por cá!
As férias já são... passado?
Foram boas, ao menos?...
Deram para descansar a mente. Mas ainda sonho com viagens!
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