No decurso dos debates ocorridos no âmbito da "Semana do Diálogo Social", voltei a defender a "privacidade e a intimidade específicas" da sala-de-aula.
Muito claramente, a aula é, com efeito, a meu ver, um "locus technicus" por definição---um "locus technicus" cujas práticas específicas devem ser tanto quanto possível (e tanto quanto razoável!) mantidas numa 'discrição' ou 'intimidade técnica' própria, particular, que lhes permita conservarem-se idealmente activas e operantes.
Quer isto dizer que defendo que à comunidade por ela servida não compete escrutinar a profissão docente?
Longe disso, obviamente! Quer dizer que à comunidade compete escrutinar a eficácia final da sua Educação assim como a coincidência perfeita dos modos que esta, com base em fundamentos de natureza especificamente técnica )que é à Escola que compete encontrar a fim de em termos práticos efectivar-se) e as suas próprias, dela comunidade, expectativas históricas, sociais, cultu(r)ais e civilizacionais.
Ou seja, dito de outro modo: "educar" enquanto processus configura uma acticidade especificamente técnica, por conseguinte regida por determinações de índole não só necessariamente técnica como também tecnicamente necessária que é aos técnicos que compete achar, regular e gerir.
Já no que se refere a "educar" enquanto projecto se diz (digo eu, pelo menos!) que é uma actividade política e social cuja administração e gestão compete, de facto mas sobretudo de direito à comunidade.
É essencial não confundir a avaliação estritamente técnica do processus com a avaliação social e política dos fins e metas desse mesmo processus.
Há quem por estupidez, astúcia ou preguiça as confunda mas desses, porque são algumas ou todas essas coisas, não vale realmente a pena falar...
[Imagem de Johann Comenius extraída com vénia do site http://www.uberaba.mg.gov.br/; a de Piaget, igualmente com vénia de http://www.colegiosaofrancisco.com.br/.]
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