segunda-feira, 21 de junho de 2010

"Vuvuzelámos, De Vez, Como País!..."


Creio [e temo!] que Portugal tenha finalmente descoberto o símbolo ideal para a nação: a tenebrosa vuvuzela.

Que melhor símbolo, com efeito, para um país sem ideias [substituiu-as há muito por Sócrates sortidos com alguns Cavacos acabadinhos de chegar à História vindos de um país longínquo chamado Barriguinha Cheia e Mediocridade Política, pelo meio---e outros equívocos e calamidades semelhantes] sem partidos políticos ou incapaz de perceber onde estão os verdadeiros partidos políticos e demasiado incompetente para re/inventá-los [os que há estão, há muito, como se sabe, escondidos de propósito debaixo de uma pilha de jornais sem eira nem beira por cima dos quais alguém pôs ainda um aparelho de televisão para ter a certeza de que não podem voar as ideias que, de resto, nenhum, deles contem]; sem opinião pública e, portanto, sem possibilidade de pôr, já nem digo em causa mais ao menos em equação a verdadeira "disaster area" em que se tornou a nossa existência colectiva toda ela decorada a Josés Lellos e toda a espécie de Barrosos como nos programas da Fátima Lopes; demasiado bronco e excessivamente analfabeto para confundir Santana Lopes com um primeiro ministro e uma trama bem urdida com uma licenciatura em engenharia?...


País Júlia Pinheiro ou cenário de telenovela TVI, País Pope [Pope, poeta inglês, o Pope epigramático que escreveu: "I'm his majesty's dog at Kew/Pray, tell me, sir: whose dog are you?"]; País equívoco ou País sacristia com a conformação por única forma de inteligência da realidade e as peregrinações a Fátima como a coisa mais parecida com um projecto de futuro que lhe foi possível escogitar; País de uma nota só, país sem margens, país de assoprar, país cuja voz colectiva soa cada vez mais a traque ou a arroto com bronquite; País ideal da vuvuzelice crónica, cívica, mental e política---que melhor símbolo para ele que este instrumento de tortura grosseiro, boçal e monocórdico que um espertalhão qualquer se lembrou de inventar para tornar o que já era uma chatice sem nome para os olhos num sofrimento indescritível agora também para os ouvidos e, sobretudo, para a inteligência!...

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Portugal?

Buuuuuuuuuuuuuuuuh!


[Imagem extraída com a devida vénia de mistupid-dot-com]

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