quinta-feira, 3 de junho de 2010

"Falando Ainda de «Pós-Modernidade»..."


Muitas vezes, já aqui falei dela.

Volto a fazê-lo, hoje, de forma sintética, listando alguns aspectos seus que considero verdadeiramente determinantes:


A perda da noção de "centro crítico" [ou "criticional"] para a História e, dentro dela, para a Política.

Considero-a expressão, chamemos-lhe: 'microcósmica' de um dos "fundamentos básicos de realicidade" [de facto, do grande fundamento de todo a 'realidade'] que é a expansão associada à des-integração metarial da própria realidade.

Forçado a expandir-se, o real vai sendo sucessivamente posto perante novos estádios de uma necessidade ínsita estrutural/estruturante da própria matéria de que é constituído para conservar-se agregado e orgânico até atingir pontos críticoas de ruptura onmde se reinicia e se reintegra de forma cada vez mais inorgânica e secundária ou mesnmo, no limite, "simbólica" ["consciencial" ou "crítica", por exemplo] de si.

Como expressões objectuais ou "objectuadas" do real, a História e a Política também se vêem a dado passo separadas de um centro que, até um dado momento, a foi conservando globalmente "centrada" sobre si própria, embora [atendendo à própria natureza polipolar longo tempo assumida pela História] de forma "granular", chamemos-lhe assim.

O que chamo o Estado-consciência [expressão abstracta ou... "abstraccional"] do "Estado Nação" moderno perde progressivamente "relevância crítica" efectiva na Pós-modernidade que se organiza topicamente em rede ou redes anisotrópicas [anisotropiformes] ou granulares sendo que o que constinuamos a chamar "sociedade" ou "sociedades" são cada vez a mera soma dos vários indivíduos [já não exactamente "cidadãos"] dentro de cada sociedade.

A ideia de "Liberdade" [que, na forma que eu considero epistemologicamente ideal contém---ou configura mesmo em si própria---uma teoria da realidade aparecendo nas respectivas formulações e/ou representações teóricas mais credíveis como um "cienticização organizada do desejo"] "abre-se" perdendo-se ela própria desse centro 'de episteme' que a mantinha umbolicalmente ligada a uma "Ecologia" teoricamente necessária global do real, reaparecendo no conjunto das representações mais comuns de cultura como algo de estruturalmente absoluto que impõe as suas leis ao próprio real.

A fetichização da "liberdade" constitui, de facto, um traço essencial da Pós-modernidade e é a expressão teórica natural da perda de organicidade da própria História, vista como algo de natural [e até idealmente] assimétrico e descentral.

Na Arte, por exemplo, deixa de haver nexo dialéctico [ou, no mínimo, dialectizante] entre as vanguardas e o conjunto da sociedade.

De facto, a prazo, deixa mesmo de haver vanguardas [e uma referenciaciação reconhecível, demonstrável, do objecto estético a qualquer imagem teórica quer de si quer da realidade que para o objecto estético é, cada vez mais, apena e só, ele próprio fora de uma relação crítica com o que quer que seja fora ou dentro de]---facto que resulta, de forma natural, dessa perda de contacto entre uma identidade colectiva [geradora de representações teíoricas ou para-teóricas abstrasccionais estáveis de si] e quem a recolha e reprojecte sobre o todo mantendo-a, desse modo, possível---que era a missão histórica da vanguarda...

Em meu entender, existe uma relação directamente causal entre esta morte dos intelectuais [ou a sua própria desintegração no todo] e o modo como des/entendemos hoje a Democracia e a própria liberdade nos moldes em que atrás a vimos.

De facto, tal como estão hoje organizadas as sociedades no Ocidente, a democracia já não é consistentemente vista como algo aberto e como "o poder do povo" mas, pelo contrário e como tantas vezes tenho dito, uma mero revestimento politiforme da economia sendo o papel histórico que lhe está sistemicamente distribuído o de "argumentar" e "legitimar" politicamente as formas básicas daquela economia ou, dito de outro modo, o de conservar a História solidamente presa a si própria e... "livremente impedida" de se mover do lugar e da posição em que a economia a colocou, no século XIX.

Neste quadro infra-estrutural, compreende-se sem dificuldade que todas as formas de movimento [e o diálogo entre a sociedade e as suas vanguardas era, em termos sociais, cultu(r)ais e políticos uma das formas mais expedientes e civilizacionalmente benéficas desse movimento] tenham perdido nãso só rerlevância como "simpatia cultu[r]al dentro das sociedades.

O surrealismo, por exemplo [que operou, a meu ver como uma consciência crítica muito activa da sociedade do seu tempo deu entretanto lugar á estética de "videojogo" ou de "teledisco" onde caracteristicamente [seguindo, aliás, e levando ao limite a i/lógica de abstracticização da teórica das representações da realidade que leva de Cézane ou Gauguin a Klee e Mondrian] são as formas dos objectos que definem unilateral e autonomamente o seu sentido, extraindo-se à tarefa de diálogo com o sentido [ou com um sentido] prévios para a realidade que já pouco ou nada diz à Arte.

Efeito ainda do que, à falta de melhor designação, chamo a "dissipação realicional" ou mesmo "pan-realicional"?

Sem dúvida!

Ainda e sempre.

Se, como Spencer, eu quisesse falar---à semelhança do que o controverso pensador britânico fez para o "progresso" num título conhecido: "Do Progresso, sua Lei e sua Causa"---de "Realidade, sua lei e sua causa", eu diria: à causa, há que buscá-la no movimento dissipacional imprimido ao real desde o seu primeiro instante teórico, chamemos-lhe assim; já no que à lei se refere, a lei básica do real é a que determina que tudo o que existe [e, no fundo, também como existe] seja o resultado de modos teoricamente estáveis e, num certo sentido, tópicos de negociar a tensão constante [estruturante ou estruturacional] entre centripetação [a vocação natural da matéria para conservar-se íntegra e orgânica] e centrifugação [ou negociação da própria dissipação]

É, numa palavra, a essa dialéctica especificamente material que há que recorrer inevitavelmente sempre que se trate de procurar explicar o que, em matéria de fenomenização da dissipação ocorre [como dizer?] à superfície da realidade.

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