quinta-feira, 3 de junho de 2010

"Rosa Coutinho 1926-2010"


Foi, queiramo-lo ou não, um "homem de Abril", atirado, de repente, com toda a força [com toda a força de uma revolução] de frente contra a História.

Inevitavelmente, correu riscos. Terá feito coisas boas e más. É fácil dizer isto hoje e julgar o homem que as fez ou deu a fazer, igualmente, hoje.

Não sou historiador nem tenho pretensões a sê-lo: sou apenas um Homem a quem a coragem dos Homens de Abril, que tiveram em muitos casos de reinventar por completo, a partir do zero, a História e mesmo partes importantes da realidade [nacionais e não só...]; pela minha parte, sou apenas, dizia, um Homem a quem a coragem desses compatriotas deixados, de repente, completamente sozinhos na História, com a História e perante ela desperta uma admiração que o tempo e os próprios erros de muitos [de todos?] eles não apagaram nem apagarão, por isso mesmo---porque só quem faz realmente coisas comete erros sendo essa, em última instância, a razão de haver tanta gente que nunca cometeu um único...
Rosa Coutinho, repito, tê-los-á cometida mas foi um dos que permaneceram "de Abril" quando se tornou incomparavelmenmte mais fácil [e mais rendoso!] ser "de outro mês qualquer" mais... rico e instalado.

Houve quem nunca lhe perdoasse mas isso aconteceu com tanta gente que até deu o melhor de si em prol dos outros que, se calhar, nem vale a pena fazer do facto um drama por aí além---sobretudo agora que tanto tempo já passou sobre os factos em causa e que muitos daqueles tais que nunca perdoaram ao "Almirante Vermelho" o modo como geriu a descolonização e amargamente dele [e deles] se queixaram são hoje os principais beneficiários da nova ordem pós-colonial contra a qual começaram, pois, por arremeter com característica acrimónia e reconhecida virulência, enquanto "valeu a pena" e foi "investimento garantido" i-lo fazendo no remanso pingue de um "exílio" qualquer de luxo, convenientemente perto de si...

Com ou sem polémicas a verdade é que, com o desaparecimento de Rosa Coutinho, foi um pouco mais longe de Abril que todos, como país [e como ideia de país!] afinal, ficámos...

Sem comentários: