De um dos Homens mais brilhantes e totais do nosso tempo português: Álvaro Cunhal de cuja morte se cumpre este ano já meio decénio.
Relembro-o aqui com a rendida admiração de sempre pelo Homem de fino espírito e severa distinção pessoal; pelo político coerente e vertical; pelo revolucionário convicto e intransigente; pelo artista brilhante mas sempre humilde e discreto; pelo romancista competente e socialmente generoso que foi e que a Pátria claramente não soube merecer deixando que autênticos charalatães e impenitentes vigaristas de alto coturno, como titulava em tempos um filme outrora célebre o substituíssem naquele que é, apesar disso, o estatuto que por direito---a ele como a Vasco Gonçalves, Salgueiro Maia, [às vezes...] Otelo Saraiva de Carvalho e muito poucos mais---lhe cabe: o de personificar um certo espírito generosamente militante, consistentemente interveniente e corajosamente pioneiro a que poderia com propriedade chamar-se o verdadeiro espírito do também verdadeiro Abril.
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