No próprio instante em que escrevo, é possível que alguma criança, velho ou mulher indefesa tenha sofrido já na carne a indiscriminada selavajaria etno-fascista, tendencialmente genocida, típica da acção (da... "política", chamam-lhe eles!) externa do Estado de Israel--o que faz com que seja com um insuportável nó na garganta e uma revolta incontida no coração que me decido a redigir esta "entrada".
Como é possível que um Estado, supostamente civilizado, disponha da possibilidade de, sempre que lhe apetece (ou politicamente convém, como parece ser desta vez o caso) massacrar impunemente uma nação inteira sem que do mundo não menos supostamente civilizado saiam mais do que tímidos balbuceios e rogos implorando que a brutalidade cesse e os verdadeiros selvagens que invariavelmente lhe dão início a esta monstruosa escala regressem aos bunkers (ao Estado-bunker!) de onde saíram para assassinar em nome da liberdade, da democracia e do progresso de que desavergonhadamente se reivindicam os campeões na zona?
Como é possível que autênticos criminosos se hajam organizado em Estado e actuem com a barbaridade e o cinismo com que o fazem estes brutais 'etnocidas disfarçados de país'?!
Não é a presente... "campanha", como lhe chamam os cruéis genocidas, a melhor prova de falta de legitimidade que marca não apenas a esmagdora maioria das suas acções de... "política externa" na região como, no limite, a sua própria existência enquanto estado?
Basta pedir a... gente (?) desta que mata indiscriminadamente velhos, mulheres e crianças; que acha que é "política" ter isolado e convertido num autêntico campo de extermínio global à espera que sufoque e morra de vez por si, sem medicamentos, água ou simples comida, na "paz" (?) como na guerra, uma sociedade inteira, dotada de um governo democraticamente eleito que estes bárbaros travestidos apressadamente de nação confessam, aliás, agora, perdido o pouco que lhes restava de vergonha ou pudor, ser seu propósito derrubar (1) ainda que para tanto haja que matar, mutilar, chacinar de forma literalmente indiscriminada; basta, dizia, pedir a verdadeiros monstros do talante destes genocidas"encartados" (ainda tenho nos ouvidos o cinismo com que o primeiro-ministro deste inimaginável Estado-veneno designou a barbaridade por si agora friamente determinada: fê-lo, como ouviram quantos lhes escutaram as impensavelmente cínicas declarações hoje proferidas em entrevista à estação de televisão SIC Notícias, usando a atroz expressão "pôr botas no terreno"...); basta com fulanos e fulanas deste talante pedir-lhes que regressem ao covil de onde saíram e se disponham finalmente a ocupar um lugar por direito próprio entre as sociedades modernas e civilizadas?
E como pode um bando de assassinos confessos (não admitem eles, com um cinismo que arrepia, que a "política" a que chamam de "assassínio selectivo" (2) é parte integrante do seu arsenal "estratégico" comum, da sua... "política" de Estado?); como pode, dizia, este bando de confessos assassinos dispor na imprensa de uma nação europeia como Portugal, cujos governantes enchem a todo o momento a boca com a "defesa dos direitos humanos", de porta-vozes e "relações públicas disfarçados e infiltrados", agentes na sombra cuja missão é a de, sem um mínimo de rebuço ou pudor, "vender" a selvajaria da liderança fascista que governa esse autêntico bastião de bandidos "legais", "doublés" de políticos e estadistas genuínos que é chamado Estado de Israel?
Gente como Esther Mucznik e um tal Shlomo Ben Ami (3), a primeira, pelo menos, com assento regular na imprensa de um país onde paradoxalmente não chegam, sobre esta questão, outras vozes regulares senão as suas?...
As acções destes criminosos levam-me a duas reflexões com as quais termino, para já, esta "entrada":
1ª Independentemente das posições que venham a ser tomadas também em meu nome pela chamada União "Europeia", eu, pessoalmente, só tenho para com estes autênticos malfeitores etnocidas uma atitude (a desaprovação mais incondicional e o nojo mais veemente) e uma designação: a de facínoras sem lei a quem é preciso virar decididamente a cara quando, por azar, nos cruzamos física ou moralmente com um deles.
2ª É "gente" e são "políticas" destas que nos levam, até a nós, opositores da guerra, dos fundamentalismos de todo o tipo assim como especificamente do nuclear, a concluir que (perante uma O.N.U. que se limita a pedir aos criminosos que tenham uma consciência que criminoso algum é, por definição, capaz de ter e uma dita União "Europeia" que apenas vê números e negócios à frente papagueia, entre cálculos de milhões, umas vagas boas intenções muito gerais) só a existência de uma outra potência na zona, dotada de poderio bélico semelhante ou até igual pode, com hipóteses de êxito, desencorajar as barbaridades destes assassinos de crianças, até aqui deixados literalmente à solta e sem obstáculos capazes de travar-lhes os criminosos passos.
Se outras provas não houvesse, a lição ainda muito recente da aventura libanesa deste país-paiol, objectivamente pária de civilização e de ética, prova-o à saciedade...
NOTAS:
(1) Cf. in "Público online" de 29.12.08 o texto: "Israel avisa que o objectivo da operação é fazer cair o Hamas";
(2) Ver a este propósito, por exemplo, entre muitos outros possíveis, a edição do jornal "Público" de 18.07.08, designadamente o texto intitulado "Samir Kuntar continua a ser "um alvo" para Israel".
(3) Cf. in jornal "Público", edição impressa de 29.12.08, o texto por ele subscrito, intitulado "Lentamente em direcção a Gaza"
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