Notável a entrevista recente de Francisco Louçã ao "Público". DE vez em quando sabe bem ver alguém lúcido discorrer sobre a realidade que nos cerca e que, depois de a [não!] vermos retratada noutros discursos nos parece já nem sermos capazes de reconhecer.
Com Louçã, tudo faz sentido, tudo é cristalino e familiar. Não consigo deixar de pensar como gostaria de viver num Portugal onde Louçã dispusesse de algum efectivo poder e fosse ele quem viesse regularmente a público [e já não ocasionalmente ao "Público"] discorrer connosco sobre a nossa realidade colectiva comum. Posso discordar de alguns posicionamentos de Louçã e do Bloco mas não tenho reservas relativamente à qualidade do discurso de um como de outro, lamentando, apenas, enquanto homem de esquerda, alguma falta de organicidade no do BE ao qual faltará, a meu ver, residindo aí a sua possível maior debilidade, um núcleo ideológico discernível, uma teoria da realidade claramente identificável, ficando o partido muito refém da qualidade dos seus membros [que é, como digo, em geral muito alta] fenómeno que poderá estar na base de algumas confusões e discrepâncias de circunstância.
E não se trata apenas de Louçã: há Fernando Rosas, um académico [no melhor sentido do termo, note-se e sublinhe-se!] extremamente abalizado e consistente há uma série de outros militantes de muito boa qualidade como João Teixeira Lopes, que ainda hoje deu uma excelente entrevista à RTP [N] a que me refiro noutro ponto dos quais é muito difícil, em geral, discordar. . DEvo dizer, no entanto que aquela pecha da falta de uma ideologia estável de onde pudesse sair um teoria orgânica do real até nem tem, vendo bem as coisas, de ser necessariamente um mal.
A má qualidade , do que passa entre nós opor democracia e siastema democrático, com efeito, justifica a existência de instituições descentrais ao sistema operando como uma espécie de grande consciência crítica, designadamente ética do próprio siastema ainda que, nesse caso, me poareça que elas deviam sempre posicionar-se fora do sistema reflectindo-o e pensando-o numa perspectiva humanista e em geral ética que manifesta e demonstravelment lhe tem desde sempre faltado.
Pessoalmente e para terminar, não sendo eu bloquista, não tenho qualquer dúvida em afirmar que um governo de que fizessem parte Rosas ou Louçã, dispondo eles de algum poder real, repito,só poderia ser um governo da Inteligência e da Cultura, um governo como de 1975 para cá Portugal nunca conheceu....
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