Mais uma "imortal" que nos deixa. Nos anos 50 e 60, os anos de ouro da "cinefilia "de muito boa gente [portuguesa e não só], não havia foyer de cinema que não tivesse a sua fotografia ao lado das de Ava Gardner, Marilyn Monroe, Robert Mitchum, Tyrone Power, James Dean, Robert Taylor, Lana Turner, Grace Kelly, Elisabeth Taylor ou Sofia Loren.
Quem a "descobriu" e trouxe para o cinema foi o "complicado" Howard Hughes que a incluíu no elenco do "escandaloso" "The Outlaw" um filme de choque que esteve para ser dirigido por Howard Hawks mas que acabaria realizado pelo próprio Hughes.
Como tantos outros actores e actrizes, na fase final da vida adoptou um posicionamento político ultra-conservador.
Com Marilyn Monroe protagonizou o clássico "Gentlemen Prefer Blondes", esse sim, dirigido por Hawks e diversos filmes da série "Paleface" com Roy Rogers e Bob Hope, filmes que, entre nós passaram com a designação genérica d' "o valentão das dúzias".
Durante toda a sua vida Russell foi uma espécie de "resposta" morena a Monroe [das duas dizia Hawks que "funcionavam tão bem que quando se lhe acabavam as ideias, punha ambas a deambular pelo set] [*], numa altura em que todas as cinematografias procuravam encontrar a sua ou até outra Marilyn, dos próprios Estados Unidos com Mamie van Doren ou Jayne Mansfield a Inglaterra com Belinda Lee e Diana Dors a França onde Simone Signoret chegou a "candidatar-se" ao "papel ao próprio Japão, onde Machico Kyo chegou a ser dela considerada uma versão local sendo aquela [refiro-me à de Russell como a uma espécie de "Monroe morena"] uma imagem alternativa que provém directamente do clássico de Hawks que, como disse, juntou ambas, Russell e Monroe.
Mas Russell chegaria mesmo a protagonizar em 1955, uma espécie de glosa do filme significativamente intitulada "Gentlemen Marry Brunettes", dirigido por Richard Sale, co-produzido pelo próprio marido de Russell, Bob Waterfield. e co-protagonizado por Jeanne Crain.
Com ela desaparece um pouco mais de todo um paradigma e uma era do cinema não apenas americano, uma idade de ouro do chamado star system onde Jane Russell, como Monroe, ocupou um lugar inquestionavelmente de referência.
[*] Cf. Andrew Sarris, "Entrevistas Con Directores de Cine , trad. castelhana de Mariano Perrón e Mariano del Pozo, ed. Novelas y Cuentos, série "Entrevistas", Madrid 1972.
2 comentários:
É um pouco da nossa vida que desaparece ! Ficam as memórias !
Um beijo para ti *
Também te lembras, Ana?
Que conforto saber que não fui só eu a ter, sobrevivido [na aparência, pelo menos] a esta "âge d'or da inocência" de aqui se fala e que aqui comovidamente se evoca!...
Obrigadio pela tua visita e pela tua nunca regateada cumplicidade!
5 de Março de 2011 02:02
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