segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

"Ecologia E Revolução, Não! Antes, Ecologia É Revolução!»


Do “Monde” de 24.12.09, um título:Après l´échec de Copenhague: l' Europe qui pleure, l' OPEP qui rit.

Uma primeira constatação: o modelo económico-político que nos rege e tutela [pelo qual se rege, em qualquer caso, globalmente o mundo em geral nos dias de hoje] está, na in/essência [passe o pleonasmo] intrínseca e [des] estruturalmente errado.

Ou seja, dito de outro modo: não é, em caso algum, mais possível continuar a alimentar a ilusão de são separáveis a ecologia, por um lado e, por outro, a contestação frontal, radical e [tenhamos, por uma vez, a coragem de assumi-lo frontalmente assim como às respectivas decorrências e implicações] incondicional da in/essência mesma do próprio modelo económico-político—“europeu”, inclusive—como tal.

O problema ambiental é hoje, pois—nunca será demais repeti-lo—como tantas vezes tenho dito e repetido, não já um problema político mas, de algum modo, em última instância, o problema político por excelência.

Isto é: enquanto forem as OPEPs [e as OPOPs e as OPUPs—os FMIs e por aí adiante] a operar como as determinantes sistémicas nucleares, como constantes motoras des/estruturais, dos próprios regimes políticos como tal não há hipótese material de haver verdadeira sustentabilidade ambiental e, por conmseguinte, a prazo, sustentabilidade da própria vida na Terra como tal: da dos regimes “político-funcionais” que, na superstrutura instrumental “politiforme”, vão irresponsavelmente colaborando com [e levianamente possibilitando, desse modo, pois] o próprio núcleo infra-estrutural económico-financeiro que os determina e mantém, por interesse próprio, nessa forma, objectualmente irrelevante e inerte; das pessoas, em geral—e, em última instância e por muito contraditório que à primeira vista possa parecer, do próprio modelo económico-finnceiro ele próprio como tal [cujo futuro, tudo o indica, é cada vez mais apenas o respectivo presente—e, mesmo assim, demonstravelmente já pouco e mal...]

Quando alguém ou alguma coisa, com efeito, se congratula porque não foi possível garantir que a Vida fique [mesmo apenas um pouco] mais ao abrigo de selvajarias sistémicas como o recurso intensivo e persistente às energias contaminantes ou “sujas” como factor, de algum modo, básico e primário de produção; à desflorestação exaustiva [do pulmão amazónico, por exemplo referencial e simbolicamente limite] e, de um modo geral, a todas as formas de pilhagem ambiental como modo de vida estável e tópico—de facto, como paradigma des/estrutural persistente de “desenvolvimento”—não há, com efeito, maneira de pensar [responsavelmente] de outro modo senão daquele—radicalmente intransigente e sem lugar a compromissos—que referi.

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Segunda [possível] constatação: como criticar a “Europa” pela respectiva [e, de resto, evidente, óbvia, gritante!] 'irrelevância geossistémica' no contexto global das nações do mundo actual quando dela apenas se obstina em existir uma versão autenticamente “feita a martelo” na cave de uma 'adega ideológica' qualquer, localizada algures entre a Kurfüstendam ou a Brandenburger Tor e o Arco do Triunfo por uns quantos conhecidos [e outros menos conhecidos mas não menos diligentes...] “brokers” dos grandes interesses financeiros privados multinacionais---das grandes "fábricas transcontinentais de dinheiro"---reunidos em conclave, “classe sacerdotal” e/ou sociedade [para muitos efeitos, literalmente...] “secreta”, em regime de... 'comunhão de bens' com uma autêntica cáfila internacional de 'medíocres profissionais' e oportunistas “de carreira”, autênticos falhados locais cuja utilíssima [e, em muitos casos, verdadeiramente escandalosa!] irrelevância pessoal e política o regime faz absoluta questão de premiar com sinecuras verdadeiramente principescas e toda uma panóplia de [outros] munificentes privilégios, dificilmente imagináveis pela maioria dos respectivos concidadãos?...

Gentinha” tipo Barroso, Blair, Aznar e Co.

“Euro-parasitas”, lhe chamavam já em '72 rosnando em compreensivelmente incomodada surdina os próprios belgas que com eles tinham forçadamente de conviver—com o “prazer”, a “alegria” e, em geral, a “vontade” livremente exercida que o epíteto deixa eloquentemente perceber...


[Imagem extraída com a devida vénia de library.thinkquest.org]

2 comentários:

vieira calado disse...

Um belo texto de reflexão

que apreciei.

Bom Ano para si.

Carlos Machado Acabado disse...

Amigo Vieira Calado: muito obrigado pela sua dupla amabilidade.
Um bom ano, para si, também.
Para quando os seus comentários, pontos de vista, opiniões, etc.?...