Leio no "Diário" dito "de Notícias" de Domingo, dia 20, que, afinal, a progressão na carreira dos meus colegas professores no activo já não vai obedecer a uma, em si mesma, dificilmente explicável seriação dos mesmos entre os "titulares" e "os outros".
Ninguém que conheça minimamente os pormenores do processo de obtenção do tal estatuto de "titular" ignora a "roleta" que o mesmo constituíu: os sacrifícios a que foram submetidos professores, alunos e a própria Educação [para já não falar no futuro do próprio País] a fim de, no quadro de uma gestão verdadeiramente surrealista [inimaginavelmente incompetente, com a incompetência a roçar, não-raro, a franca e bovina imbecilidade] tentar entrar no autêntico combóio-fantasma-de-feira-popular em que a [verdadeiramente indescritível], ela própria "equipa" tutelar anterior atirou com o que restava do sistema, dito "educativo", nacional enquanto lhe foi permitido que o fizesse.
Pessoalmente, comparo um pouco a sua "sorte" à minha que aceitei, a dado passo, submeter-me a um famoso e, entretanto caído no limbo com quantos a ele se sujeitaram, "exame de admissão" ao 8º escalão da carreira docente [entretanto, como disse, suspenso sem mais por um governo "socialista" que dele fez pura e simplesmente tábua rasa para, uns anos depois o exumar na forma de um caos técnico e administrativo---o tal modelo Rodrigues de má e falecida memória...---que devia envergonhar qualquer indivíduo minimamente idóneo em termos pedagógicos, políticos e até simplesmente intelectuais que aceitasse deixar o seu nome---se nome tivesse, claro... se tivesse um "nome" para deixar ligado ao que quer que fosse de cultural e politicamente relevante...---ligado "àquilo"].
Também os colegas que, por qualquer... generosidade particular da fortuna lograram vencer o inimigo feroz que foram as famigeradas quotas; o outro, irmão gémeo e cúmplice desse, das "avaliações" das respectivas competências técnicas e científicas feitas, em muitos casos [literalmente] "a olhómetro" por professores menos qualificados, inapropriadamente qualificados e até por outros professores que eram, a um tempo, avaliadores e concorrentes, presentes e/ou prospectivos, ao lugar dos próprios avaliados [!]; também esses colegas, dizia, que aceitaram, apesar de tudo, sujeitar-se àquela lotaria das "avaliações" "made by Rodrigues, Lemos, Pedreira e Co." se vêem, agora, em resultado da mudança de um governo [volto a dizer: tecnicamente inepto e politicamente indigno] para outro do mesmo partido e, no fundo, com os cargos de liderança ocupados pela mesma gente em sistema de "roda-bota-fora", o seu trabalho deitado pura e simplesmente para o lixo, sem que a gente que passou a ocupar a pasta da tutela manifestamente soubesse o que fazer com esse esforço [como evitar que tivesse sido, de todo, vão e perdido] mas não só: sem que ela soubesse como "descalçar a bota" de evitar que todo o sacrifício imposto ao conjunto alargado do edifício educativo em Portugal [sobre o qual uma suposta ministra se lembrou um dia de aplicar uma pressão que o ia conduzindo, a prazo, à implosão, pura e simples] tivesse sido ele próprio gratuito e completamente inútil.
É preciso, relevo, perceber claramente a situação da actual tutela [que, para utilizar um lugar comum popular, foi colocada na ingrata posição---e em mais de um sentido, aliás, mas essas ão "outras contas" que, a seu tempo, se verão...---do"tolo em cima da ponte"...]; é preciso, dizia, perceber o que está implícito neste escandaloso desprezo de que o governo em vigor, com ou sem "remendos" dá mostras---pela Educação em Portugal, a começar pela dignidade e pelas condições profissionais dadas aos seus profissionais.
É preciso, desde logo, começar por perceber que também a actual ministra tutelar considerou---ela como centenas, como milhares de concidadãos, professores ou não---que o único destino razoável e civilizado a dar àquela tralha toda do "estatuto rodrigueiro" era o caixote de lixo [de onde nunca deveria, de resto, ter saído] ainda que esse acto de 'higiene pedagógica, mental e política' tivesse como preço a vanidade imediata do sacrifício a que, como disse, foi obrigado todo o edifício educacional, em Portugal.
Não sei, claro, o que vai fazer a actual ministra em matéria de estatuto: o que até agora ouvi [banalidades e lugares-comuns para começar; franzir progressivo de sobrancelhas, a seguir] não me augura nada de bom até por que o governo é, na sua [in] essência o mesmo com uns retoques de circunstância, impostos pela perda de uma maioria absoluta que funcionou como um autêntico cancro no coerpo sempre sacrificasdo do País].
Banalidades e lugares comuns não resolvem os múltiplos problemas da Educação [em Portugal como no Cazaquistão ou na Mongólia Interior] e franzires bruscos de sobrancelhas apenas podem agravar ainda mais a instabilidade já existente no seio de um sector verdadeiramenmte vital para a sustentabilidade social e política presente e futura do País que é o da formação das suas gerações igualmente presentes mas, sobretudo, das futuras;
Sobre, pois, o que irá asco0ntecer na Educação em Portugal [se serão "aventuras" ou qualquer outro tipo "estórias" e "rapazadas"] só o tempo o dirá---e, idealmente, cá estaremos todos para ver---e agir em conformidade: com os nossos princípios e com o próprio interesse real do País.
Uma coisa, porém, é ceerta e pode ser, desde já, dita: só isto---o que até agora já asconteceu e que ninguém é, em boa verdade, capaz de escamotear: omodo como um conjunto de políticos impensavelmente medíocres, irresponsáveis e clamorosamente incompetentes, "doublés" de "técnicos" a condizer, conseguiu impor a um país inteiro medidas que, meia-dúzia de meses ou anos depois, já estavam... completamente podres e a serem tão adequada quanto discretamente [tão discretamente quanto possível] postas no lixo por gente da mesmíssima cor política daquela que levianemente as começou por introduzir, sem ter a minima noção dos estragos [alguns deles completamente irreparáveis, como se vê] na vida pessoal dos cidadãos mas, de um modo muito particular e mais grave ainda, nunca será demais repeti-lo, no próprio futuro próximo e distante do País; só isto, dizia, bastaria para, numa sociedade cívica e politicamente sã, para conduzir à respectiva responsabilização pública dos agentes do [clamoroso!] desgoverno e, no limite, à própria expulsão dos mesmos do serviço público.
Que confiança ter, com efeito, em gente que, um dia, diz uma coisa e, no dia imediato, o seu exacto contrário?
Que, um dia, acha que o seu é o único caminho para a "salvação" da Educação [e, insisto, por via dela, da própria capacidade material de o País sobreviver objectivamente numa "Europa" onde, já hoje, não passa de "margem" e de "remota periferia geo-económica e geo-política"] e, no dia seguinte, aceita ir "negociando"---e ir caindo "alegremente" de cedência em cedência até que, por fim, alguém, com um mínimo de decoro político, intelectual e [talvez...] pedagógico se decide piedosamente a pôr um ponto final no triste espectáculo proporcionado pela estupidez mais inimaginavelmente teimosa e asinina erigida "em política de Estado" e dá a machadada final na abominável fantochada em que a tal "negociação" [e, mais grave ainda, no limite, todo o edifício da Educação pública em Portugal] se tornaram?
Quando um fulano ou uma fulana destes nos diz, com efeito, que "a única saída para o problema da Justiça" [ou "da Saúde" ou "da Segurança Social"] em Portugal é este, como acreditar nele que, um dia, disse que "a única saída para o da Educação" era exactamente este de que, já hoje, ninguém sabe visivelmente ao certo como desfazer-se sem aceitar reconhecer que "aquilo" era, de facto, mau demais para ser verdade e deveria estar, há muito, "muito sossegadinho" no caixote de lixo da [triste] História recente do País---o que, como se constata, na prática, seja o que for que "aí venha", já aconteceu sem que, para tanto, o governo tivesse sequer de mudar de cor política, apenas utilizar um pouco a cabeça e algum [mesmo mínimo!] bom senso, algo que aparentemente ainda não ocorrera, até agora, a nenhuma daquelas luminárias que por lá andaram até bem recentemente??!!
Vamos ser claros: a única coisa que interessa realmente começar por apurar---porque é dela que tudo o mais, afinal, em última mas real instância, deriva---é como é que alguém pode ainda---pôde ainda!---cair na esparrela de votar em pessoas destas que, como dizia alguém algures, de forma, aliás, verdadeiramente lapidar, em vez de uma coerência têm várias e em vez de uma vergonha [técnica, política, etc.], não têm... nenhuma??!!...
[Imagens "gentilmente cedidas" respectivamente por por fringefestival.org. e stampedeblue.com]
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