quarta-feira, 27 de abril de 2011

Vitorino Magalhães Godinho [1918-2010]



Era uma referência da historiografia nacional, como lhe chamou o "Expresso". Foi, também, um nome maldito durante o antigo regime para quem a História era, sobretudo, um instrumento conveniente e dócil de glorificação e confirmação da natureza supostamente "providencial" do 'regime', natureza essa bem patente no restauro dos painéis de S. Vicente, onde Salazar "aparece" pessoalmente anunciado, como se sabe.

Vitorino de Magalhães Godinho como Sérgio devolveram à História o carácter distanciadamente científico e fenomenologicamente objectivo que a singularíssima historiografia do 'regime' desconheceu por completo.


Um texto de V. Magalhães Godinho transcrito de harmonia do mundo-dot-blogspot-dot-com



A República contra o analfabetismo

«A República nunca foi verdadeiramente aceite por um grupo de privilegiados que se sentia confortável com uma monarquia que era um regime liberal de fachada, mas que ocultava uma coligação de interesses. Isto num país em que a esmagadora maioria da população era analfabeta e sofria uma influência extrema do pároco local. Não estamos a falar da Igreja Católica de hoje, mas da que vivia uma fase de reacção ultramontana.
(...)
A República criou o Instituto Superior Técnico, Escolas Superiores de Comércio e Indústria, Faculdades de Letras (na Universidade de Coimbra substituiu a Faculdade de Teologia por uma de Letras, o que criou, como seria de esperar, muita reacção nos sectores mais conservadores) e desenvolveu um sistema organizado de Ensino Superior.
(...)
No ideário de 1910, Pátria aparece sempre associada a República. Esta é uma forma de Estado, mas é também uma forma de sociedade construída sobre a cidadania e em que o povo tem acesso à civilização moderna, caracterizada pelo espírito científico e pela livre criação artística»

Fonte: Jornal de Letras, Artes e Ideias JL, nº 1044, 6/10/2010.


[Reblogado de Harmonia do Mundo]



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