sábado, 8 de março de 2008

"Don't Get Me Wrong!" (part 2)


NÃO!


As boas almas têm, pelos vistos, uma outra visão e um outro entendimento (obviamente muitíssimo diferentes porque---não tenho dúvidas---incrivelmente mais omniscientes!) das coisas da Educação!


E é aprender com eles que eles não duram sempre!...


Eles estão "ainda insatisfeitos" não porque os tais sessenta por cento das crianças de um país supostamente moderno e alegadamente civilizado em pleno século XXI e sob uma administração (poder-se-á ainda dizer?) "pública" socialista passariam fome se a escola não se substituísse uma vez por dia ao Estado social (que, pelos vistos, ainda faria "uma certa" falta mas que, apesar desta realidade social e até humanitariamente trágica, se vai muito... "socialisticamente" volatizando cada dia um pouco mais---e ainda dizem que os profesores são maus, que não têm consciência social, que se "baldam" a tudo, que se estão "nas tintas" para os seus deveres relativamente aos seus concidadãos e por aí fora!...); mas, dizia eu, não é por isso que os pais "ainda não estão completamente satisfeitos" embora, claro, não tenham, já hoje, "nenhuma razão para estar[em] contra [as] políticas de Educação" (?).


Pois, os pais (fiquem vocências sabendo!) estão ainda um pouco insatisfeitos porque... as crianças em causa (e cito) "comem [leia-se: devoram com a avidez que se adivinha a caridosíssima esmola] numa sala de aulas ou num polivalente" (!!!)


Já estou mesmo a ver-vos exclamar comovidamente perante isto: Que generosidade! Que consciência social e pedagógica! Que sensibilidade, que requinte didáctico-humanitário!


Pois é para que vejam! Gente humanitária e com ideias sólidas, assentes, firmes e esclarecidas sobre política... educativa é assim.


É outra coisa!


Agora cá uma Escola que só pensa em ensinar e/ou professores que pensam sabe-se lá em quê!!


Qual quê!


Sopinha e ainda não chega se for dada na sala-de-aulas ou no polivalente!


É assim mêmo ó Ti Mila!


Mas já agora, só mais uma destas pegagogíssimas exigências e a "coisa" da Escola começa a compor-se de vez.


Ou seja: se já hoje, pelos vistos, os "pais não têm nenhuma razão para estar contra as políticas de Educação", então, se estas se concentrarem um pouco mais na magna questão educacional dos tempos... livres, então, "é que"!...


(Pois, nos tempos livres porque os outros são "para aí presos, não?")


Ah, mas hoje já tudo começa a encaminhar-se para o ideal.


Sabem como?


Não?


Pois, o senhor em causa diz: com xis horas diárias de "actividades lectivas" temperadinhas a preceito com uns tempinhos avulsos de "enriquecimento curricular", num total de oito e zás: a coisa vai ao sítio!


Fácil, não é?


A ensinar o quê?


Como?


A quem?


Isso não deve ser problema, a avaliar pela entrevista onde a questão nem sequer é levantada.


Nem uma única vez, aliás!


As horas têm é de ser oito, isso santa paciência!


E fica a gente a pensar (muito confortadinha, claro!): "Pronto! Agora-agora!"


Com gente desta na liderança da Educação em Portugal, é um instantinho enquanto deixa de haver problema educativo! Deixa de haver Educação, claro mas esse é o preço a pagar por se ser eficaz, não é?


Porque o problema, ah, esse vai de certeza com ela: acaba-se uma, acaba-se o outro!


Genial, não?


Professores? Não gastamos disso, cá!


Quer dizer: podem entrar no "esquema", tá bem, mas pianinho, ham?!


Políticas de Educação é com a gente!


E assim ficamos todos a saber o que esperar de uma Escola onde cidadãos sensíveis como estes vão passar a ter finalmente voz activa na condução da política ou políticas... educativas!


Mas ficamos a saber mais: ficamos, por exemplo, a saber que as escolas "ainda não" (sic) "se estão a ressentir da contestação dos professores" (COMO é que os pais de fora da escola sabem disto com esta certeza toda, não me perguntem...) mas não ficamos por aqui: sabemos ainda que embora "se esteja a falar muito da excessiva carga burocrática em que estão mergulhadas as escolas para cumprir o que lhes está a ser pedido [sic] pelo ME" "isso não se está a reflectir nas salas de aula".


Como a carga existe, isto deve ser um elogio "cruzado" ao sacrifício da classe docente mas isso não nos dizem...


Dizem-nos é que "embora ela, carga, não se reflicta nas salas de aula", eles, pais, SENTEM "que as escolas estão a viver um momento de afogamento [sic] em tarefas.


Ou seja: não se reflecte mas... afoga! 'Tá bem... Faz todo o sentido...


FIM DA SEGUNDA PARTE

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