É que a "lata" continua, com efeito...
Completamente "à nora" relativamente ao "que fazer com esta Escola" (e por "esta "Escola" entenda-se, aqui, a Escola enquanto serviço social e, secundária---ou reflexamente---civilizacional, i.e., a Escola burguesa-revolucionária saída da Revolução Francesa, associada a um modo-de-produção ou a um "paradigma de economicidade" específicos e, ao mesmo tempo, como parte integrante do amplo processo de "conquista e legitimação contínua do poder" por parte de uma burguesia que aí, em 1789 se viu finalmente triunfante---e "proprietária", por fim, em exclusivo da História); completamente "à nora", pois, dizia, relativamente ao "que fazer com" uma Escola (ou uma escolicidade) que herdou "assim" mas que, entretanto, se desencontrou já (des) estruturalmente por completo com o modo-de-produção "que a viu nascer" (e prosperar), o actual poder político neo-liberal (pós) "social", gestor electivo dos interesses de uma "terceira" ou "quarta burguesias (pós?) históricas" com muito pouco que ver já com "a primeira", a tal que apanhou (muito sabiamente, aliás!) a dado passo, o comboio da Revolução para se "apoderar" da História, apenas consegue, em matéria de Educação (é cada vez mais óbvio!) ou proferir autênticas boçalidades (algumas delas, então, verdadeiramente inenarráveis!) ou, em alternativa (em cumulação?) gerar autênticos (sucessivos!) monstros, sejam eles pessoas ("but I will, of course, name no names---perish the thought...") ou instituições.
Foi (citando "pêle-mêle") um Conselheiro Acácio e Grilo Falante (que até era também Grilo de nome: era o destino...); foi a virago Ferreira Leite, uma guarda-livros "de luxo" que "não teve governo" para mais; foi a inenarrável Seabra que se tornaria (e, se não tornou, devia legitimamente tornar-se...) o "anjo vingador" e a "esperança de vida" de "tudo quanto é" pura (ou impura...) inépcia e "vocação natural para a demência"; foi, enfim, um nunca-mais-acabar de patuscos e patuscas que "à Educação dissseram nada" (como, por paráfrase, acontecia no título célebre do Mourão Ferreira) e que não deixaram saudades mas cujo infausto cortejo culminaria na "luminária" que a maioria absoluta (e que tal alcunhar a senhora em causa de "maria absoluta", tendo em conta a sua propensão e o seu instinto naturais para a razoabilidade e para a transigência?...) deixou no sapatinho de um eleitorado mentalmente cada vez mais débil e "propênsico" a votar com... a parte de baixo do corpo (que é como se geram naturalmente, em Democracia, as maiorias e, por conseguinte, ipso facto as minorias, absolutas uma e outra ...)
Pois, após ter conseguido o milagre de (des?) mobilizar uma classe profissional inteira, por vocação amorfa e hostil à intervenção cidadã de cariz mais... "callejero", a tal "Maria Absoluta" vem, agora, para os jornais acenar com um (aliás, oportuníssimo!) relatório da Inspecção Escolar onde se contam (com minucioso pormenor e ao som de áureas trombetas, ao que consta) mais algumas... "assombrosas maravilhas" do "seu" governo.
Agora, dizem-nos, relatório e ministra, já "temos" extensão escolar de modo a permitir ter os alunos ocupados mais tempo.
Pois.
Sobre a selvajaria praticada em inúmeros A.T.L. 'independentes' já existentes, nem uma palavra.
Sobre a qualidade pedagógica e didáctica do que se faz educacionalmente nessas "extensões" a que foi supostamente sujeito, "a metro", o "tempo escolar", nem uma palavra.
Vai-se a ver e o grande triunfo, o estrondoso sucesso, do ministério Rodrigues foi, afinal, em última instância, neste como noutros domínios, a réplica institucional (chamemos-lhe:) "educativa" do modo como "a minha vizinha do terceiro direito" (que enriqueceu a vender ouro pelas portas) decorou a casa dela, a partir do "estudo" atento que fez da daquele famosíssimo escroque doublé de autarca chamado "Qualquer Coisa Que Já Me Esqueceu" que "vinha na Caras".
Ou seja, como disse, "a metro".
A metro, assim tipo "oh sr, Fulano, arranje-me aí metro e meio de livros encadernados que quero forrar uma parede que tenho lá, à intelectual..."
Mas, pior ainda: este imenso... "prodígio" foi alcançado com o professorado praticamente todo na rua a protestar!
Ora, como é que é possível que pela cabeça de uma pessoa minimamente normal e minimamente racional passe a (chamemos-lhe assim:) "ideia" de que sucesso educacional e professores são coisas afinal inorganicamente dissociáveis entre si---um e outros, meros "compagnons de route" acidentais e de pura ou impura circunstancial... circunstância??!!
Como é que alguém de boa fé pode imaginar que seja sequer possível (já nem digo: acreditar mas) suspeitar sequer da possibilidade de haver projectos educacionais de sucesso não apenas sem mas agora já inescondivelmente contra toda uma classe cuja actividade profissional (e cívica! E histórica! E civilizacional!) consiste, todavia, contraditoriamente, em protagonizar nuclearmente tais projectos??!
Não define isto toda uma maneira de estar na Sociedade, na Educação, na Política, no País?
Não é esta equipa ministerial a mesma que entra em (indecoroso!) êxtase quando, no mesmíssimo relatório, se regista no "haver" dos abracadabrantes prodígios tutelares, o espantoso "achievement" que é o encerramento final de TODAS as escolas "com menos de dez alunos", independentemente do lugar onde se encontravam e do tipo de enquadramento económico, social e sociológico que era o delas?
Não são estes fulanos os mesmos que através da "questão das faltas" ou da banalização absolutamente irresponsável, leviana e tecnicamente injuriosa dos exames ad hoc acabaram "dizendo" implicitamente tudo aquilo que efectivamente pensam sobre o papel (na sua perspectiva, puramente ancilar e incidental) que atribuem à matéria e às intituições que, apesar disso, tutelam?
Não é, segundo eles, a Escola apenas mais um lugar onde se pode aprender e a Educação algo que PODE ter mas também pode NÃO ter, de facto como de direito, a ver com as Escolas e com o sistema de Ensino, no seu todo?
Não equivale isso a "afirmar" que isto de ser professor, bem vistas as coisas, se calhar até nem é nada "do outro mundo" uma vez que cada um pode muito bem fazer em sua casa, dispensando a intervenção (obviamente sobrevalorizadíssima!) desses "adversários pirrónicos" do regime, que são os professores aquilo que estes têm a temerária veleidade de se julgarem indispensáveis para levar a cabo?
Não é isto tudo como disse, o retrato de corpo inteiro impiedoso, implacável, autenticamente... "assassino", de uma gente e de um regime mas, sobretudo, de um Povo inteiro que continua saturninamente a tolerar um ao mesmo tempo que não se decide, de uma vez por todas, a correr definitivamente com os outros?
Eu, sinceramente, acho que é.