quarta-feira, 29 de junho de 2011

"Que Vergonha Não Sermos Todos Gregos!..."








Há muito que venho defendendo a ideia de uma necessária especificidade estrutural dos partidos da Esquerda.
Não que eu faça como certos "comentadores" encartados que por aí para nosso mal [e dos nossos neurónios] pululam a categoriação das forças partidárias entre os partidos "de poder" e "os outros".
De poder são-no o P.C.P. e o Bloco que são poder democraticamente eleito num grande número de municípios e juntas de freguesia.
Não é portanto disso que se trata mas de defender que o grande problema da Esquerda em Portugal é o de ela ter aoparentemente aceite ser uma bas bandas do casaco de um sistema económico-político intolerável que, sob a pressão e a "Inspiração" [ou com o pretexto] da "europeização" dos diversos países da verdadeira Europa.
Ou seja: o de terem eles aceite encaixar-se assumidamente no sistema em lugar de, como até aqui preconizavam, seguindo correctamente os ditames do marxismo, trabalharem para transformá-lo.
E se o Bloco tem a alibi ou a desculpa de ter reconhecida e assumidamente apagado por completo o passado revolucionário, pondo a zero o respectivo conta-quilómetros ideológico, pelo qual se norteavam, a U.D.P. maoísta e o P.S.R. trotskista, tendo sido gerado precisa ou imprecisamente a partir desse dificilmente explicável quasi-edipiano gesto fundador, já o P.C.P. persistindo em auto qualificar-se de marxista e até leninista tem, a meu ver, muito a explicar nestas matérias envolvendo a respectiva integração formal no sistema.
Pessoalmente, sempre defendi que o papel dos partridos de Esquerda [nos quais não incluo por razões política e intelectual ou até moralmente óbvias, o repulsivo P.S. de Soares a Sócrates, in/digno herdeiro dessa miserável social-democraxcia que, nos anos '20 do século passado, na Alemanha, levou, com as trágicas consequências que se conhecem, Hitler "ao colo" até ao poder.]
Hoje, no caso português, é o neo-corporativismo caviar da ultra-direita de Passos, Portas e do tenebroso Cagão Fálix que encontra por generosidade de Sócrates e Cª limitada a poperta aberta para o poder, num momento em que tem as costas protegidas pelo espectro da crise que a ndranghette pê-ésse importou ou nacionalizou e que fornece ao canibalismo económico e social da direita o ensejo e a justificação para as malfeitorias que finalmente surgiram à luz do dia...
Ora, neste contexto, o que menos devia interessar à Esquerda [e daí a minha discordância de fundo com os que, como Daniel de Oliveira apontam o dedo à direcção do B.E. por ter falhado no caminho da conquista do poder nacional] seria gerir a ]seja-me permitido o vernáculo] porcaria cozinhada a meias pelo capitalismo global e pela escória técnico-política que com ela lidou no plano nacional, nestes últimos decénios.
Ora, neste contexto, o que menos devia interessar à Esquerda [e daí a minha discordância de fundo com os que, como Daniel de Oliveira apontam o dedo à direcção do B.E. por ter falhado no caminho da conquista do poder nacional] seria gerir a ]seja-me permitido o vernáculo] porcaria cozinhada a meias pelo capitalismo global e pela escória técnico-política que com ela lidou no plano nacional, nestes últimos decénios.
São conhecidas as consequências da cumplicidade em tempos estabelecida e institucionalizada entre Comunistas e pê-ésses franceses, no âmbito de um malfadado "Programa comum" de governo chefiado pelo inefável Mitrã do "outro": a criação ulterior de condições para a extinção a prazo do próprio P.C.F., um partido que no "maquis" tinha ganho direito a um respeito político que se julgaria insusceptível de poder desaparecer. Sobretudo, do modo inglório como o foi.
Ora, tal como a vejo a missão histórica da Esquerda não é hoje-por-hoje, na Europa, a de ganhar berlindes, cromos ou caricas à direita, como pretendem os adeptos da ideia de imolar a liderança do Bloco por não tê-lo conseguido levando a própria Esquerda ou parte relevante dela a encaixar-se [oui enquistar-se?] ulteriormente no próprio sistema.
A missão da Esquerda é hoje a de patrocinar a emergência de uma consciência política inexistente em Portugal, ao contrário do que acontece, por exemplo, na Grécia.




Em caso algum, o Partido Comunista deveria, a meu ver, ter abandonado a ideia [e o projecto!] de uma escola política que foi sua durante decénios e de que resultou, afinal, em larga medida, o seu triunfo em diversos pontos do globo; um projecto que assentava nas conhecidas 'células' [de empresa mas agora, também de cidadãos], células essas onde se dava da realidade uma visão teórica que não só não era a do poder como era, na realidade, a oposta a essa.




Não creio, com efeito, que a selvajaria económica, social e política instalada necessite para equuiolibrá-la de uma selvajaria "de esquerda": acredito convictamente que ela precisa, sim, de uma verdadeira e generalizada oposição por parte daqueles sobre os quais ela incide.

Não creio, por isso, que entrar no sistema, como manifestamente sucedeu com os partidos nacionais dessa área seja a via correcta para a actuação certa da Esquerda nos nossos dias!




Como acontece na Grécia, por exemplo.






Choca-me a ideia de um "Esquerda instrumental", operando continuamente para viabilizar, tornando-a tendencialmente habitável em termos económicos, sociais e políticos, uma direita intratável e canibalística, insusceptível de com ela se conviver institucionalmente sem se ser por ela devorado.






Como tudo leva a crer vá muito brevemente suceder em Portugal, hoje.






Eu acredito que com a espantosa quantidade de gente brilhante que possui na reaspectiva liderança, o Bloco de Esquerda mesmo sem possuir da realidade uma visão orgânica, está especialmente vocacionado para essa tarefa de consciencialização popular que é hoje, em meu entender a verdadeira vocação da Esquerda de um sistema sem esquerda e sem possibilidade de possuir uma que não seja necessariamente sua cúmplice e seu instrumento possibilitante.






Penso que o ideal seria que se criassem entre nós condições de conscialidade política que permitissem à sociedade portuguesa replicar em Lisboa, no Porto ou nas restantes cidades e vilas do território nacional uma Atenas que foi, como é sabido e como ainda há pouco lembrava um dos piores inimigos da Democracia, precisamente a pátria desta.

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