.jpg)
É fundamental que existam fora da vida real modos de projectarmos aquilo que em nós há de mais impossível (ou de mais perfeitamente) absurdo e irracional.
É fundamental que possamos ser ao menos uma vez na vida alcoólicos e recuperar como se nunca tivessemos provado uma única gota de álcool; que tenhamos olhos nas costas (para abater um indivíduo empoleirado no "loft" de um bar sem sequer uma vez olharmos para ele, depois de andarmos anos a fio a embebedar-nos diariamente) e que sejamos além disso os únicos a ver (o sangue no copo) aquilo que era impossível que ninguém mais visse num raio de "quilómetros" ou que um indivíduo morto (o figurante assassinado das sequências iniciais) voltasse espontaneamente à vida com o único propósito de atirar um dólar para dentro de um escarrador---e por aí fora; é fundamental que haja um génio da narração que nos faça acreditar que tudo isso é a coisa mais natural deste mundo---e não só a mais natural: a mais bela e excitante, também...
É, com efeito, preciso um génio para nos conduzir assim ao limiar mesmo da nossa própria adolescência sem deixar de nos recordar a nossa condição essencial (ou ideal?...) de Homens.
Se tivesse de escolher "o filme da minha vida"... não o escolhia porque entre este irrepetível "Rio Bravo" e o não menos irrepetível "Mon Oncle" de Tati não seria pura e simplesmente capaz de decidir-me...
Sem comentários:
Enviar um comentário